Convulsões Sensoriais
Escrevo ainda com coração acelerado.
Chegou o halloween, momento difícil porque sabemos que as pinturas faciais podem gerar convulsão.
No sábado passado, após choro intenso e muito diálogo, do nada a Carolina apareceu na cozinha pintada. Levei susto, dos grandes.
Pedi para que me avisasse quando o fosse fazer, porque temos receio que passe mal realizando a pintura sozinha, apesar de entender a importância de sua atitude.
Hoje é dia de halloween e a escola deixa todos os alunos irem caracterizados.
A vontade e ansiedade estavam lado a lado.
A Carol ontem me pediu para a acordar 15 minutos mais cedo para poder se pintar e caracterizar. Assim o fiz.
No meio do processo o cérebro da Carol em segundos entrou em curto circuito... e veio a tão temida convulsão agarrada ao desmaio... que tanto odeio, sem dó nem piedade.
Uma convulsão intensa, gerando rigidez muscular e um suor absurdo em todo corpo, dor.
Eu mãe, por mais anos que passem, nunca me acostumo com a cena de ver meu filho praticamente morto na minha frente. Quem se acostumaria?
Tento de todas as formas hoje manter a calma (uma conquista com terapia e conhecimento), chamar por ela, levantar as pernas, deitar corpo de lado... e nada... segundos parecem horas e o medo do pior ronda nosso corpo e alma.
Até que ela volta, pálida, suada e esgotada. Lágrimas e mais lágrimas. Misto de decepção com raiva.
Apesar de eu ter insistido para ficar em casa, pediu para ir para a escola.
30 minutos a deixei lá, após conversar professores, e segui com o meu coração despedaçado para o trabalho.
Não deu 5 minutos, me ligaram e pediram para a ir buscar, porque só de ver os colegas, tudo estava voltando...
Viemos para casa, em silêncio... ambas esgotadas... a minha pequena Carol tão frágil... e debilitada.
Nenhum abraço, nenhuma palavra retiram esses momentos da alma, como se cicatrizes fossem.
Apenas a fé que tudo vai passar um dia... permite caminhar como se nada fosse.